domingo, 11 de dezembro de 2011

O trem da escola



Na estação, os alunos, um a um esperam seu trem.
Embora o trem seja o mesmo, cada aluno o espera separadamente na sua estação, às vezes, coincide de na mesma estação ter mais de um aluno, mas cada aluno tem sua própria estação e maneira de esperar seu trem, alguns distraídos, outros bravos, outros alegres. Cada um do seu jeito.
Lá vem o trem, buzinado avisando sua chegada, sua buzina é estridente, ensurdecedora,  foi criada em épocas de guerra e também servia para avisar bombardeios. Embora hoje não exista nem este modelo de guerra, a buzina chamada de sinal, esta lá, tocando sem que ninguém perceba que não existe mais guerra e que o modelo de buzina esta ultrapassado para o trem.
Cada vagão tem um tempo para ficar na estação.
O trem não é lá muito bonito, meio sem cor e sem alegria, também existe pressa do trem e certa grosseria na forma de se relacionar.
Primeiro vagão, Língua Portuguesa, este vagão é o mais longo e mais pesado, pois nele tem redação, ortografia, e todo peso de ensinar a escrever e ler, nem sempre na mesma ordem.
O Trem para, o aluno avança um passo, e a porta do trem abre, imediatamente vem uma professora e joga nele um monte de papéis, livros, atividades diversas, o aluno já sabe, tem que pegar todas as atividades, todos os livros, o mais rápido possível , pois o trem não espera e o outro vagão se aproxima imediatamente.
Os alunos desesperadamente catam alguns papéis e livros outros caem e ficam na estação, tem alunos teimosos que não pegam nada , tem aluno que não sabe como pegar , pois ninguém - lhe ensinou isso.
Todos em sua forma particular estão lá para pegar o que vem do trem.
Chegou Matemática! Outro vagão, bem pesado, sem livros, porém cheio de cálculos e mesmo estando no século XXI, não se pode usar a calculadora e tem que usar o mesmo método de cálculo de quem o inventou, sem mudar ou modificar nada.
Jogam as folhas, atividades e exercícios, os alunos já com os braços cheios da Língua Portuguesa tentam pegar, alguns conseguem e outros como sempre deixam quase tudo cair.
E chega o novo vagão, o tempo de espera na estação de Matemática e Língua portuguesa é o mesmo independente do aluno, pois isso não tem nada haver com o tempo de cada um.
Chegou o vagão das áreas chamadas específicas, são elas: Geografia,  Historia, Ciências e Biologia, Filosofia, Sociologia, Inglês, Artes, Química, Física e Educação física.
Cada uma fica igualmente o mesmo tempo na estação, porém, o peso difere, e tem menos atividades e livros, mesmo assim, uma a uma joga na estação sobre o aluno, suas atividades e exercícios, cada uma com seu sistema e jeito.
Mais um vagão se apresenta, e mais atividades, mais papéis e papéis, que infinitamente chegam aos montes, muitos saberes e fórmulas.
Química não perdoa, tem que pegar tudo, pois o professor exige.
O vagão mais esperado sem dúvida nenhuma é o de educação física, também pudera, não tem papéis.
Neste momento, o aluno pode jogar bola, conversar livremente com outros alunos, ir ao banheiro, beber água, andar um pouco pela estação, enfim, se locomover sem ficar dando tanta satisfação.
E assim, todos os dias o trem passa, num total de 200 dias, chamados de letivos.
Ultimo vagão! O conselho de classe série, um vagão muito  temido.
Abre a porta, os alunos um a um estão na estação, e esperam ansiosos.
Todas as disciplinas estão juntas neste último vagão.
 E todos olham para os alunos um a um.
Cada aluno apresenta o que conseguiu pegar, o conselho é fatal.
Um julgamento.
Não pensem que o conselho avaliada a capacidade do aluno pegar papéis, não ...
O conselho avalia os papéis que ficaram no chão, aqueles que ele não catou...
Não importa o que aconteça, não importa o quanto foi difícil ficar 200 dias catando papéis.
Não importa como foi seu dia, mês ou ano.
O que importa?
OS PAPÉIS QUE FICARAM PELO CHÃO, OS QUE NÃO CONSEGUIU PEGAR!

O Trem chamado escola.

Ivone Gonçalves







Um comentário:

  1. Ivone, obrigada pelo texto, fiquei arrepiada. Acredito que há alternativas, métodos e modalidades de ensino mais humanos, mas é preciso divulgar, fazer com que as pessoas interessadas tenham contato entre si e a internet já provou ser instrumento eficiente. Como você sabe, sou a favor da Educação Domiciliar, quem quer e tem aptidão pode transmitir conhecimentos aos filhos em casa. A modalidade é comum e mundialmente conhecida, emergindo também no Brasil. Na verdade sempre foi usada em todos os tempos, mas na surdina foram tirando esse direito da população, queremos resgatar nossos direitos. Quem quiser conhecer melhor a ED pode inscrever-se no site da ANED - Associação Nacional De Educação Domiciliar, há vários artigos muito bons, atuais, e contatos para mais informações tanto na parte jurídica quanto pedagógica, entre outros. Precisamos unir forças para regulamentar a ED no congresso, toda participação a favor é benvinda! Abraço!

    Rita Costa

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