terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A história de alguns...





Era uma vez uma pulga, não uma pulga comum, esta se dizia ser invisível, o que ela não sabia é que a própria era pra lá de visível, linda, loira, meiga, doce e também azeda quando irritada, séria, comprometida e compenetrada, um de seus mais bonitos talentos, trabalhadora incansável.
Na verdade, quero enaltecer o grande feito da pulga.
Esta, quando irritada,  transformava-se em uma pulga vermelha; nem ela mesma era capaz, neste momento, de se sentir invisível.
Em sua raiva soltava verdades ao vento, sua ira trazia consigo um caminho, uma visão sobre aspectos do cotidiano.
Era seu poder de pulga, pois, essa pulga que se sentia pequena e invisível como ela mesma se achava, nunca percebeu que, na verdade, era uma pulga maior que as outras pulgas, que suas ações repercutiam, trazendo muitas vezes a impressão de estar sendo perseguida. Apesar de que, toda pulga tem essa mania mesmo.
Então, um dia a pulga resolveu mudar sua vida, fez uma matricula em outro pulgueiro e pra lá está indo, mesmo que insegura, observadora e um pouco temerosa, mas indo se aventurar  em outro pulgueiro .
A nossa pulga anda percebendo que não é nada invisível, ao contrário, é querida, respeitada e amada por esse pulgueiro que ela nunca se achou pertencer.




Todos sabem que não existe nada isolado, portanto, não há pulgueiro sem ecossistema.
E não há um ecossistema sem haver coisas que  não vistas pelos humanos,  ou presas apenas na dimensão do físico, portanto, quero também enaltecer um anjo do nosso ecossistema. Este mesmo ecossistema em que viviam  as pulgas.
Este anjo, como todo bom anjo, tem seus lindos olhos azuis, dedicado, fiel, carinhoso, meigo, calmo.Estes são aspectos da personalidade deste anjo.
Cuidava daquilo que quase ninguém percebe no ecossistema, preocupados todos com situações cotidianas de suas vidas e,  graças ao bom Deus, neste ecossistema tinha um anjo que aprendeu desde cedo que a vida não é feita de situações cotidianas e sim de algo que precede toda situação, algo que alguns esquecem e por isso vivem suas vidas estressadas ou deprimidas, não sentindo a verdadeira razão de estar neste mundo.
O anjo de olho azul cuidava exatamente disso neste ecossistema, cuidava do amor de todos, alimentava cada um quando lá chegava com atenção, carinho, sorriso e simpatia. Assim o ecossistema sobrevive às vicissitudes da vida.
O anjo cuida sem nunca reclamar, sem muitos nem perceber.
O cuidado amoroso à lembrança do amor faz o ecossistema brilhar,mesmo que no escuro físico.
Nosso anjo também tem que partir, cuidar de outros ecossistemas, outros precisam ser cuidados, assim como nós.
A variedade do ecossistema está principalmente na composição de seus membros, com suas personalidades, seus aspectos construtivos, que ajudam o ecossistema a manter um equilíbrio da vida.


Os anjos atuam fortemente para que esse equilíbrio ocorra, mas além dos anjos temos também outros seres como os do sistema do grupo dos Brameloucos. É um ser totalmente diferente de todos que ali vivem, tem força, garra e sua indignação todos conhece bem, seria capaz de carregar o ecossistema nas costas, mas se limita a apenas viver ali, colaborar da melhor maneira.
Os brameloucos são muito engraçados, ajudam muito no equilíbrio do grupo, pois atuam com força, com verdade, sem abandonar ou se fazer de morto como em alguns casos.
Os brameloucos são conhecidos por suas garras, sua destreza, sua incansável vontade de ajudar o grupo e  de fazer todos crescerem, sofrem muitas vezes, pois têm que viver encolhidos  do seu real tamanho para conviver com o grupo sem machucar ninguém.
São sempre chamados  à frente dos grupos  para desenvolverem sua liderança, assim conseguem usar sua força e destreza com mais tranqüilidade.
Neste ecossistema, os brameloucos também estão partindo, caminhando para outro ecossistema, levando sua garra, coragem e dinamismo.

E agora , finalizando, temos outro ser deste ecossistema  que ,devido a sua  diversidade,  é de difícil descrição.
Um ser único em sua natureza e sem denominação.
Um ser que penso estar mais próximo dos anjos, devido a sua delicadeza e atitude.
Amoroso, delicado, fiel, amigo, carinhoso, sereno, sutil, são algumas de suas características.
Este ser tinha um sonho o de ir para um lugar chamado Passargada , que era para ele  o paraíso, onde decerto somente lá haveria outros como ele, pois neste ecossistema só tínhamos um de sua espécie.
Sempre quando podia recitava versos como uma oração, pedindo para que logo fosse a Passargada. Dizia ele que lá ele era amigo do rei.
Neste ano especial,todos esses seres, por motivos diversos, estão saindo deste ecossistema, deixando saudade, amor e amizade.
Nós,que ficamos aqui preservando o ecossistema, despedimo-nos com um singelo tchau, porque adeus jamais daremos, pois  todos  estão estampados como tatuagem em nossos corações e do coração ninguém vai embora.

Gratidão é uma palavra pequena, comparada à imensidão de uma amizade.






Grupo de professores do Ecossistema Maria Helena. (cota 200)
Dezembro 2011
Autora Ivone Gonçalves.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O trem da escola



Na estação, os alunos, um a um esperam seu trem.
Embora o trem seja o mesmo, cada aluno o espera separadamente na sua estação, às vezes, coincide de na mesma estação ter mais de um aluno, mas cada aluno tem sua própria estação e maneira de esperar seu trem, alguns distraídos, outros bravos, outros alegres. Cada um do seu jeito.
Lá vem o trem, buzinado avisando sua chegada, sua buzina é estridente, ensurdecedora,  foi criada em épocas de guerra e também servia para avisar bombardeios. Embora hoje não exista nem este modelo de guerra, a buzina chamada de sinal, esta lá, tocando sem que ninguém perceba que não existe mais guerra e que o modelo de buzina esta ultrapassado para o trem.
Cada vagão tem um tempo para ficar na estação.
O trem não é lá muito bonito, meio sem cor e sem alegria, também existe pressa do trem e certa grosseria na forma de se relacionar.
Primeiro vagão, Língua Portuguesa, este vagão é o mais longo e mais pesado, pois nele tem redação, ortografia, e todo peso de ensinar a escrever e ler, nem sempre na mesma ordem.
O Trem para, o aluno avança um passo, e a porta do trem abre, imediatamente vem uma professora e joga nele um monte de papéis, livros, atividades diversas, o aluno já sabe, tem que pegar todas as atividades, todos os livros, o mais rápido possível , pois o trem não espera e o outro vagão se aproxima imediatamente.
Os alunos desesperadamente catam alguns papéis e livros outros caem e ficam na estação, tem alunos teimosos que não pegam nada , tem aluno que não sabe como pegar , pois ninguém - lhe ensinou isso.
Todos em sua forma particular estão lá para pegar o que vem do trem.
Chegou Matemática! Outro vagão, bem pesado, sem livros, porém cheio de cálculos e mesmo estando no século XXI, não se pode usar a calculadora e tem que usar o mesmo método de cálculo de quem o inventou, sem mudar ou modificar nada.
Jogam as folhas, atividades e exercícios, os alunos já com os braços cheios da Língua Portuguesa tentam pegar, alguns conseguem e outros como sempre deixam quase tudo cair.
E chega o novo vagão, o tempo de espera na estação de Matemática e Língua portuguesa é o mesmo independente do aluno, pois isso não tem nada haver com o tempo de cada um.
Chegou o vagão das áreas chamadas específicas, são elas: Geografia,  Historia, Ciências e Biologia, Filosofia, Sociologia, Inglês, Artes, Química, Física e Educação física.
Cada uma fica igualmente o mesmo tempo na estação, porém, o peso difere, e tem menos atividades e livros, mesmo assim, uma a uma joga na estação sobre o aluno, suas atividades e exercícios, cada uma com seu sistema e jeito.
Mais um vagão se apresenta, e mais atividades, mais papéis e papéis, que infinitamente chegam aos montes, muitos saberes e fórmulas.
Química não perdoa, tem que pegar tudo, pois o professor exige.
O vagão mais esperado sem dúvida nenhuma é o de educação física, também pudera, não tem papéis.
Neste momento, o aluno pode jogar bola, conversar livremente com outros alunos, ir ao banheiro, beber água, andar um pouco pela estação, enfim, se locomover sem ficar dando tanta satisfação.
E assim, todos os dias o trem passa, num total de 200 dias, chamados de letivos.
Ultimo vagão! O conselho de classe série, um vagão muito  temido.
Abre a porta, os alunos um a um estão na estação, e esperam ansiosos.
Todas as disciplinas estão juntas neste último vagão.
 E todos olham para os alunos um a um.
Cada aluno apresenta o que conseguiu pegar, o conselho é fatal.
Um julgamento.
Não pensem que o conselho avaliada a capacidade do aluno pegar papéis, não ...
O conselho avalia os papéis que ficaram no chão, aqueles que ele não catou...
Não importa o que aconteça, não importa o quanto foi difícil ficar 200 dias catando papéis.
Não importa como foi seu dia, mês ou ano.
O que importa?
OS PAPÉIS QUE FICARAM PELO CHÃO, OS QUE NÃO CONSEGUIU PEGAR!

O Trem chamado escola.

Ivone Gonçalves







segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

3° ENCONTRO DA CONSCIÊNCIA ÍNDIGO





3º Encontro da Consciência Índigo

Compareça e passe um dia maravilhoso

com quem vê e sente o mundo como você.


Dia 08 de Janeiro às 9h

Local: Parque do Ibirapuera - São Paulo - Capital
Av. Pedro Alvares  Cabral - Moema
(Ponto de Encontro: A OCA)










quarta-feira, 23 de novembro de 2011


A Pedagogia Multicolor do Novo Tempo!

As crianças hoje nascem diferentes, elas mudaram!... Elas nascem cada vez mais multidimensionais não apenas ao nível da cor, como da própria energia e vibração que as envolve. Assim que nascem abrem os seus olhitos e fixam-nos profunda e seriamente, como que perguntando: Será que vocês sabem quem eu sou?...
Com crianças diferentes a nascerem e viverem já connosco, como deve ser a dinâmica de uma novaPedagogia no 3º Milénio?
Elas apresentam uma personalidade forte, bem vincada e sabem o que querem, como o querem e o que não querem, presenteando-nos desde o berço com o seu “narizinho empinado
Realmente elas nascem com muita personalidade, com um olhar profundo, interrogativo e cheio de sabedoria…
O papel e a missão do “educamor” (educar com amor) hoje é bem diferente do que era antes. Estas crianças são um grande desafio e a grande esperança do Novo Tempo…
A Pedagogia de hoje e de amanhã é uma verdadeira arte, que todos temos que aprender, pois temos que consciencializar que a partir de agora nada mais vai ser como dantes…A partir de agora temos que ser co-criadores de uma nova humanidade, com uma nova consciência de grupo, na qual a Unidade do Todo faz tanto sentido que a individualidade e o ego passarão para segundo plano e deixarão de ter expressão.
Como será essa transformação? Ela passa definitivamente por novas aprendizagens…
Por uma nova vivencia consciencial de que Pedagogia é Arte e Amor!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O meu, o seu, o nosso "Mestrado na Vida"

"Quando a escola não educa a vida ensina mais do que apenas ler." Este vídeo foi feito em 2005 participou de alguns festivais dentre eles o 28º Festival Internacional Del Nuevo Cine Latino americano em Cuba. O curta é sobre como a prática da vida vence a teoria acadêmica.
A ERDFilmes tem por objetivo levantar questionamentos para a sociedade e não respondê-los. Querendo contribuir com um ponto de vista diferenciado, em alguns momentos sendo até preconceituosos, não que seja a sua visão, mas assim criando uma dicotomia para poder levantar um debate na sociedade, fazendo vídeos que reflitam um pouco a realidade nacional. Para isso, utiliza a linguagem surreal. Em todo trabalho tenta realizar alguma pesquisa de linguagem ou pesquisa social, tendo como base um aporte acadêmico.







http://www.nomundoenoslivros.com/2011/11/o-meu-o-seu-o-nosso-mestrado-na-vida.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Alfabetização Ecológica, do que estamos falando?



Miriam Duailibi
“Todos somos membros plenos e cidadãos da mesma comunidade biótica”
                                                                                                 (Aldo Leopold)
No advento do século XXI, o avanço da ciência e da tecnologia, sobretudo a da
comunicação, já nos tornou possível saber o quanto e como as ações antrópicas afetam
os ecossistemas e a biosfera. Conhecendo a escala e o volume cada vez maiores da
ocupação do planeta pela espécie humana seria absolutamente temerário não tomarmos
consciência de nossa condição de seres planetários para muito além das divisões em
nações, tribos, raças, credos, etnias, classes sociais, cultura, língua, política.
O grande desafio que se coloca é responder a questão: Como vamos viver à luz do fato
de que estamos todos entrelaçados em uma única e indivisível comunidade de vida
altamente ameaçada pela enorme proporção que assumimos e por nossa absoluta falta
de cuidado?
O processo civilizatório instituído no Planeta pela espécie humana nos últimos
10 000 anos, instaurou uma verdadeira máquina de destruição que vem crescendo em
progressão geométrica.
Foram marcados por uma visão antropocêntrica de mundo, pelo desconhecimento da
condição ternária (indíviduo/comunidade/espécie) do ser humano e pelo rompimento de
sua ligação com a natureza.
A palavra ecologia, vem do grego óikos que significa casa, lar, ecologia, portanto, é a
ciência da administração do Lar-Terra, da Pacha-Mama, grande mãe, como nosso
planeta era designado nas culturas andinas, ou de Gaia, organismo vivo, como era
chamado na mitologia grega e também o é na moderna cosmologia.
A palavra educar vem do latim Educere (extrair conhecimento).
Nas próximas décadas a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa
ecoalfabetização, ou seja, de nossa habilidade de extrair conhecimento da natureza,
entender  os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles. Para tanto, a
educação das atuais e próximas gerações para a compreensão dos paradigmas que
mantém o ciclo da vida faz-se imprescindível.
Quando se estudam os princípios básicos do funcionamento da natureza, percebe-se que
tudo está muito fortemente relacionado. São apenas diferentes aspectos de um único
padrão fundamental de organização que permitiu à natureza sustentar a vida por bilhões
de anos.
A natureza sustenta a vida criando e nutrindo comunidades.  Nenhum organismo individual pode existir isoladamente. Animais dependem da
fotossíntese das plantas para suprir suas necessidades de energia; plantas dependem do
dióxido de carbono produzido pelos animais, assim como do nitrogênio fixado pela
bactéria em suas raízes; e juntos plantas e animais e microorganismos regulam toda a
biosfera e mantém as condições que conduzem à vida.
Sustentabilidade, portanto, não é uma propriedade individual, mas sim propriedade de
uma rede completa de relações. Sempre envolve toda a comunidade. Esta é uma
profunda lição que devemos aprender da natureza, mas que se contrapõe ao paradigma
dissociativo e excludente vigente em boa parte de nossa civilização.
Educar para sustentabilidade ou alfabetizar ecologicamente, significa ensinar ecologia
profunda em uma maneira sistêmica e multidisciplinar. Significa conhecer não só
metabolismo natural, estudar os impactos das ações antrópicas no meio ambiente, mas
também o metabolismo social com a natureza, as repercussões dos impactos dos
ecossistemas nas próprias relações sociais, redesenhando as estruturas de classe e poder.
 A alfabetização ecológica pressupõe uma visão sistêmica da vida. Sua fundamentação
teórica está baseada na teoria dos sistemas vivos. No entanto precisa ter conteúdos
específicos ou ser uma dimensão fundamentada em princípios e critérios que perpassam
várias disciplinas, ser um espaço de diálogos, de encontros entre os múltiplos saberes e
fazeres.
Alguns teóricos afirmam que se a sustentabilidade está baseada na compreensão dos
ecossistemas, isto é, em ecologia, bastaria que se universalizassem seus princípios,
especialmente nas escolas. Porque então simplesmente não ensinamos ecologia às
nossas crianças, perguntam eles?
Porque a ecologia como tradicionalmente entendida, não contempla as especificidades
da sociedade humana, sua história de produção e distribuição de riquezas.
Nas sociedades humanas são as relações de produção e consumo que determinam as
relações com a Natureza.
A ecologia perde de vista a motivação, as causas e as conseqüências sociais dos
problemas ambientais.
A divisão tradicional das ciências faz com que as relações técnicas sejam estudadas
pelas ciências físicas, exatas e as relações sociais pelas ciências sociais.
Para a alfabetização ecológica, as duas teses não se excluem, ao contrário, se
complementam.
Está alicerçada em uma visão sistêmica da questão, onde as ciências ecológicas e sociais
se encontram com os saberes e fazeres tradicionais, contemplando simultaneamente as
dimensões econômica, social, ambiental, cultural, pedagógica, política e ética da
sustentabilidade.
Educar para uma vida sustentável é promover o entendimento de como os ecossistemas
sustentam a vida e assim obter o conhecimento e o comprometimento necessários para
desenhar comunidades humanas sustentáveis. Na pedagogia da educação para uma vida sustentável, currículo é o conteúdo e o
contexto que dão suporte ao aprendiz para que, de forma criativa, possa desenvolver
comportamentos, valores e a compreensão do mundo.
Com quais competências precisamos nutrir as crianças para prepará-las para participar
integralmente como membros de comunidades sustentáveis?
 O desafio dos educadores que adotam esta pedagogia é capacitar seus alunos com
habilidades práticas, analíticas, filosóficas e éticas, despertar nelas um sentido de
admiração e respeito com a natureza  para que eles possam redesenhar a presença
humana neste mundo.
Como as escolas podem se engajar significativamente nos temas críticos como o
sistema alimentar, a energia, as bacias hidrográficas, justiça social e ambiental?
Vejamos o exemplo do Centro de Alfabetização Ecológica de Berkeley, na Califórnia
(Center of Ecological Literacy-CEL) que vem desenvolvendo uma pedagogia chamada
de “Educação para Padrões Sustentáveis de Vida”, cujas bases estão na teoria dos
Sistemas Vivos e na sabedoria das populações tradicionais.
O CEL e seus parceiros em todo o mundo compartilham a visão que é preciso promover
uma reforma sistêmica nas escolas, que esta reforma passa prioritariamente pela
compreensão de que o currículo é o próprio lugar onde a aprendizagem se dá, ou seja, é
o ambiente em que a escola está inserida – sua geografia, sua história, a cultura das
comunidades do entorno - que aponta os conteúdos a serem explorados.
Aproximando-se muito de Paulo Freyre, a alfabetização ecológica é uma pedagogia
baseada no local e na participação direta e intensa da comunidade escolar. Alunos,
professores, diretores, funcionários, pais e comunidade, juntos decidem qual projeto
(sempre fortemente relacionado à melhoria da qualidade de vida e do ambiente local)
deverá ser enfrentados naquele ano e, a partir deste consenso, professores passam a
explorar as respectivas matérias.
Alunos de graus mais avançados ocupam-se, por exemplo, da documentação do
processo, da elaboração de um banco de dados, de pesquisas científicas necessárias etc.
São fortemente estimuladas as interconexões com a comunidade local e o respeito à
diversidade. Assim, crianças sentem-se motivadas a estudar a civilização chinesa em um
local onde a imigração desta etnia é bastante presente e interfere no “ecossistema” local
e assim por diante.
Quando a comunidade escolar se engaja profundamente em resolver problemas de
restauração de um ecossistema circunvizinho, um rio, uma subbacia, um lixão, exercita
um capacidade essencial à manutenção da qualidade de vida no planeta: o cuidado com
as diferentes formas de vida.
Uma visão como esta  não permite aos formuladores da pedagogia criar um único
currículo que possa ser “exportado” para todo o sistema escolar de um país ou sequer de
uma grande metrópole, uma vez que o respeito às especificidades do meio e da história
local apontarão os conteúdos, as ferramentas e estratégias a serem usadas no processo
educacional. A reforma escolar proposta é um movimento que reflete muito das percepções
sistêmicas articuladas por Fritjof Capra, encorpadas pelo estudo do modo de vida das
populações tradicionais que há séculos habitaram e/ou habitam aquele local. Os espaços
de locução e as instâncias de decisão na alfabetização ecológica têm forte influência do
modo circular indígena de discussão e de busca do consenso. A exemplo das redes
naturais, os povos tradicionais, também tinham sua hierarquia definida pelas habilidades
específicas de cada membro da comunidade, pela capacidade de entender o contexto e
pela complexidade da função atribuída na Rede.
O movimento reconhece a escola em si como um ecossistema do qual o aluno faz parte
e no qual é afetado pelos valores culturais da escola e das comunidades do entorno. As
escolas que estão neste movimento se vêem como comunidades de aprendizagem que
funcionam em redes de relações.
A Alfabetização Ecológica busca por em prática as teorias que a sustentam, aplicar
conceitos da Teoria dos Sistemas, ciclos, fluxos, sistemas aninhados, redes em
planejamento de projetos coordenados que conduzem a resultados tangíveis na
construção de mudanças sistêmicas e sustentáveis na educação.
Sabendo-se que a natureza sustenta a vida por meio da criação ininterrupta de redes,
uma das preocupações mais fundamentais tem sido conveniar escolas exemplares e seus
parceiros em redes de sustentabilidade para estimular a emergência da inovação, como
por exemplo a Rede STRAW – Students and Teachers Restoring a Watershed, que
aglutina mais de  mais de trinta escolas e uma centena de professores em torno da
questão de recuperação da subbacia local e da restauração do habitat natural do camarão
de água doce, fonte de renda da população local.
 
A teoria dos sistemas desenha uma nova maneira de ver o mundo e uma nova maneira
de pensar conhecida como pensamento sistêmico. A partir daí surge uma profunda
mudança de perspectiva: das partes para o todo; da preocupação com objetos para o
concernimento com as relações; do procedimento de se mensurar para o de mapear; da
quantidade para a qualidade; do foco nas estruturas para o foco nos processos.
O Instituto Ecoar para Cidadania tem por missão contribuir com a construção de
sociedades sustentáveis e ao longo de seus 12 anos de atuação vem desenvolvendo
metodologias educacionais para este fim.
No início do novo século, uma série de felizes coincidências nos conduziu ao encontro
da pedagogia desenvolvida pelo CEL, inspirada nas teorias de Fritjof Capra, David Orr,
Jeanette Armstrong, Gunter Pauli entre outros. Ali encontramos uma grande
similaridade com nossas práticas tais como a noção de “pedaço”, o estudo do meio, o
levantamento da história local, os processos participativos, a chamada pedagogia de
projetos, a preocupação com a geração de trabalho e renda, entre outras.
Por outro lado, percebemos como eles tinham avançado em impregnar com
cientificidade suas práticas mais corriqueiras. Uma horta, para a alfabetização
ecológica, não é só um local onde se produz alimentos sem agrotóxicos, para a merenda
escolar e/ou para gerar renda complementar à comunidade, mas o lócus onde se
observam os ciclos e fluxos dos ecossistemas, onde se aprende que na natureza o
resíduo de um espécie é o alimento de outra, onde se vê que a energia vem do sol, se presencia o metabolismo, se percebem as redes, os sistemas que se aninham dentro de
outros e assim por diante.
Surpreendeu-nos ainda mais a eficiência do método no envolvimento dos atores locais,
independente de faixa etária ou de classe social. Uma extraordinária capacidade de
transmitir os padrões que sustentam a vida de forma lúdica e atrativa tornou muito mais
fácil despertar na comunidade local o sentido de pertencimento à uma mesma
comunidade biótica.
 Seja em escolas, em comunidades de baixa renda, no meio das ONGS ou das grandes
empresas, as práticas de alfabetização ecológica que adotamos têm contribuído muito no
cumprimento de nossa missão. Por onde passa, esta educação que alia ciências
ecológicas e sociais,  história e arte, tem tido o dom de despertar nas pessoas um senso
de admiração e respeito por todas as formas de vida e um, até então desconhecido,
profundo sentimento de comprometimento ao se perceber parte fundante da  intrincada e
fascinante Teia da Vida.



Educação para Sustentabilidade.i é Coordenadora Geral do Instituto ECOAR para Cidadania,
da Associação Ecoar Florestal e do Centro Ecoar de Educação para
Sustentabilidade. É professora convidada da Fundação Getulio Vargas e da
Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde ministra o curso de Educação para Sustentabilidade.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Acorda escola










Professor, aprenda com o fracassado Jobs
Como estamos na semana em que se comemora o Dia do Professor, vale a pena refletir sobre as lições do mais famoso péssimo aluno dos últimos tempos: Steve Jobs. Todos falam agora do seu sucesso, poucos da sua vida fracassada como estudante (coloquei os detalhes no www.catracalivre.com.br).
Quase todos os professores diriam que aquele aluno não daria para nada, tamanho seu desinteresse pela escola. Por que ele então não fracassou?
Ele tinha horror a sala de aula. Não conseguiu ficar nem seis meses na faculdade. Fez apenas um curso de caligrafia. Era envolvido (e muito) com drogas. Colegas dizem que, como dormia no chão e não tinha o hábito de trocar de roupa ou tomar banho, ele exalava nos dias quentes um insuportável odor. Dizem até que ele via, naqueles tempos, um efeito terapêutico em não tomar muito banho.
Jobs não fracassou porque, além de ser inteligente e intuitivo, tinha uma magnífica escola. E era fora da escola. Foi criado na região do Vale do Silício, na Califórnia, um dos centros mais criativos do mundo em ciência e tecnologia, aproveitando as chances que lhe apareciam e o encantaram no mundo da computação.
O exemplo de Jobs tem uma série de lições pedagógicas, além da importância de saber perceber que um aluno aparentemente imprestável pode ser um notável talento. Mais importante: o processo educativo vai muito além de sala de aula, englobando as experiências que são ofertadas para estimular a descoberta de habilidades.
Na era da informação, com tantas mudanças na forma de transmitir conhecimento, a escola concentrada apenas na sala de aula e no professor está condenada ao fracasso. Melhorar o professor é fundamental, mas não basta.
É preciso ver toda a cidade --e o mundo-- como um espaço educativo, num jogo de encontros coordenado pelos professores.


Ivone Gonçalves

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MELHOR QUE CRER, CRIAR


“Uma Revolução em Marcha
Rede Mundial de “La Segunda Fundación”
www.lasegundafundacion.com

Perante os devaneios de uma sociedade esquematizada sobre a pressão de um sistema econômico, cuja máxima é “produzir ou produzir”, “custe o que custar”, vimos como durante o último século o vínculo humano foi desestruturado, migrou a níveis de solidão e desassossego, nublados por paradoxos do tipo “agora que tenho, de que me serviu?, fatigados ao final da carreira com um êxito efêmero carregado de uma grande infelicidade.

Bem anunciaba Sri Aurobindo, poeta, filósofo, revolucionário e visionário indiano , há quase um século:

“O que há de novo ainda por realizar? Amor, pois até agora só alcançamos ódio e auto-satisfação; Conhecimento, pois até agora só  alcançamos o erro, a percepção e o conceito; Felicidade, pois até agora só alcançamos o prazer, a dor e a indiferença; Poder, pois até agora só alcançamos a debilidade, o esforço e uma derrotada vitória; Vida, pois até agora só alcançamos o nascer, o crescer e o morrer; Unidade, pois até agora só alcançamos guerra e desassociação.”

Mas, como quase sempre passamos por cima da mensagem e a menospresamos, já temos suficientes crenças, demasiadas talvez … não por falta de avatares, visionários, mensageiros ou anunciadores, eles também quase sempre são depreciados, e convertidas suas palavras em grandes e tortuosos dogmas, com poucas exceções onde seres individuais, do comum, como você e eu, pudemos talvez decifrar o fundo luminoso da mensagem … uma mensagem que foi repetida sempre por seres de amor e luz, seres de sabedoria, revolucionários do viver humano.

Caímos sempre na armadilha do orgulho conceitual de “nossa Academia, nossa Ciência, nosso Poder”, nos enchemos de conjecturas, todo tipo de sortilégios, códigos, todos orientados desde o medo do futuro, o sofrimento do passado e a preocupação sobre o presente… repetindo tenazmente lições aprendidas com o olhar no tempo passado, dentro de um sistema educativo ainda construído em blocos temáticos de todo tipo, desagregando muito mais, do que construindo “pedagogicamente” seres que são diversos, diferentes, criativos, integrais, multi-sistêmicos e livres, em grupos “homogêneos”, dóceis e manejáveis em aulas que sob o título de escolas, seguem orientadas ao “produzir ou produzir”, “custe o que custar”; o importante para este sistema é seguir crendo que tudo isto deveria funcionar, mas, os resultados são pobres, basta  dar um olhar  “consciente” para a situação global do planeta, para dar-nos conta que até as crianças já estão compreendendo que o Amor, o Conhecimento, a Felicidade, o Poder, e a Vida, foram-nos dados como instrumentos para a Unidade e não para o  erro, o conceito, o prazer, a dor, a indiferença, a debilidade, a derrota e a morte.

Uma reflexão desde o que é o tornar-se produtivo, organizacional e educativo: Que tipo de seres estão recebendo em suas empresas? Quais são suas principais causas de falência? Como uma mudança de visão pode contribuir para uma educação mais criativa, mais autônoma, um pouco menos estandarizada e mais aberta à transformação do ser e à novas formas de ensinar?

Talvez a dor atual nos faça reagir para novas e frescas formas de fazer ahumanidade, uma nova humanidade, que geme por nascer, que já está aqui, mais solidária, compreensiva, deliberante, respeitosa da diferença, inclusiva, aberta à mudança, desperta em consciência, uma  melhor e renovada forma…. A Consciência da Unidade.

Com estima, respeito e admiração profunda por teu ser,

Seu amigo,
Iván Darío Montoya, desde Bogotá (Colômbia)
Responsável para Colômbia e todos os países da América de fala espanhola da REDE MUNDIAL DE LA SEGUNDA FUNDACIÓN
Director de La Escuela Nacional de Formación.
lasegundafundacion@gmail.com
www.lasegundafundacion.com

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Movimento de amor e paz









Movida neste movimento de paz e ação não violenta. Chamou-me a atenção à saída da então vice-diretora Claudinéia Silvério Gonçalves, pelo que consta, cometeu um equívoco no cumprimento de sua tarefa burocrática em um momento “cego” tomou uma decisão irregular danificando sua moral e trabalho afastando-a da função. 
Intenciono aqui deixar não só meus registros como de outros professores do que foi o trabalho e contato com nossa agora ex - vice. 
Deixando claro o propósito de uma ação de paz e amor registrados em meu livro em construção “Visões do Mundo”. 
A escola é muito mais que as ações burocráticas, porém essas ações quando não refletidas ou respeitadas pode nos prejudicar. 
Claudinéia chegou a nossa escola em 2008. Neste momento a escola se encontrava completamente perdida em seu cunho pedagógico, os alunos gritavam se batiam e não compreendiam regras simples como ir ou não ao banheiro. 
Todo nosso sistema educacional comprometido e a desordem dando lugar à ordem. 
De uma forma sistêmica, porém não agressiva. Claudinéia se fez presente em cada ação, chamando o grupo a reflexão e novas ações. 
Nós conjuntamente e em seu comando, que neste momento era como coordenadora pedagógica (PCP) fomos mudando o leme. 
Em 2009 a escola apresentou grande melhora, havendo momentos completamente silenciosos visto pelo lado de fora das salas de aulas, bom dia e boa tarde já era comum entre os alunos e professores.
Em 2010 o prazer em trabalhar já era refletido em casa movimento do professor em sua prática, houve um avanço comportamental percebidos por todos. 
Essa ação gerou um momento prazeroso, criando em alguns momento no conselho de classe/série almoço ou jantar coletivo após o término deste conselho, confraternizando a cada passo, fortalecendo o trabalho em equipe. 
A escola teve melhora de resultado no Saresp mostrando o trabalho. 
Eu sempre firmo que não somos Saresp, somos escola e escola se constrói no dia a dia.Uma construção sabia do caminho. 
Uma escola prazerosa é uma escola que se relaciona afetuosamente. 
Responsabilidade e comprometimento da coordenação e dos professores. 
Neste aspecto dou meus votos e olhar admirado por esta pessoa que vestiu a camisa mudando o contexto escolar pedagógico. 

Porf. Ivone Gonçalves livro Dimensão da 
Comunicação :editora compacta 2008 ( 1º edição)



terça-feira, 13 de setembro de 2011

UMA EDUCADORA QUE SE TRANSFORMOU


Uma educadora tradicional? Nem tanto! Escolanovista? Será? Moderna? Não sei. Defensora de uma escola popular?

Sim, sim, mas afinal, como ser isso ou aquilo?

Fácil. Um cutucão muitas vezes é o suficiente para que você se mova: para frente ou para tras.

No meu caso, ao me ver deparada com uma sala multietária em 2003, precisei me reestruturar, para não dizer outra coisa.

Foi um grande susto. De repente crianças de 03 a 06 anos em uma mesma sala? em 2003 não havia a inserção das


crianças de 06 anos no ensino fundamental – o que eu acho hoje em dia uma calamidade, mas isso fica para outro artigo.

Quem poderia me salvar?

Os pais me cobrando, a direção cumprindo uma resolução. E agora?

Para um bom entendedor: um risco é Francisco, como diz a minha mãe, logo, “te vira educadora”.

Pois me virei e diga-se de passagem, muitíssimo bem. Fui pesquisar, estudar e encontrei ninguém mais que Cèlestin

Freinet.

Hoje já se passaram 08 anos, desde que me debrucei nesta perspectiva educativa. Sou apaixonada pelo modo como

Freinet via a vida entrando na sala de aula e o modo como ele se relacionava com os seus pares e seus alunos.

Discordem se eu estiver errada após lerem este pequeno texto. É muita amorosidade por parte deste educador e é isto que

quero transmitir:

Texto de Celéstin Freinet (2004, p.81)
Livro:Pedagogia do Bom Senso

“Pão e rosas

As crianças precisam de pão e de rosas. O pão do corpo, que mantém o indivíduo em boa saúde fisiológica. O pão do espírito, que você chama de instrução, conhecimentos, conquistas técnicas, esse mínimo sem o qual corremos o risco de não conseguir a desejável saúde intelectual. E das rosas também — não por luxo, mas por necessidade vital. Observo o meu cão. Claro, precisa comer e beber para não ter fome e não ficar desesperado, com a língua de fora. Mas tem mais necessidade ainda de uma carícia do dono, de uma palavra de simpatia ou, às vezes, só de uma palavra; do afeto que lhe dá o sentimento do lugar — o qual desejaria muito grande — que ocupa no mundo em que vive; de correr por entre as moitas ou só uivar demoradamente nas noites de luar, talvez para ouvir ressoar a própria voz, como se ela abalasse magnificamente o universo. As crianças têm necessidade de pão, do pão do corpo e do pão do espírito, mas necessitam ainda mais do seu olhar, da sua voz, do seu pensamento e da sua promessa. Precisam sentir que encontraram, em você e na sua escola, a ressonância de falar com alguém que as escute, de escrever a alguém que as leia ou as compreenda, de produzir alguma coisa de útil e de belo que é a expressão de tudo o que trazem nelas de generoso e de superior. Essa nova intimidade estabelecida pelo trabalho entre o adulto e a criança, esse novo grafismo aparentemente sem objeto, valorizado pela matéria ou pela cor, esse texto eternizado pela imprensa, esse poema que é o cântico da alma, esse cântico que é como um apelo do ser para o afeto que nos ultrapassa — é de tudo isso que vive a criança, normalmente alimentada de pão e conhecimentos, é tudo isso que a engrandece e a idealiza, que lhe abre o coração e o espírito. A planta tem necessidade de sol e de céu azul, o animal não degenerado pela domesticação não sabe viver sem o ar puro da liberdade. A criança precisa de pão e de rosas” (Freinet (2004, p.81 – LIVRO PEDAGOGIA DO BOM SENSO).

http://aprendendoebrincando.wordpress.com/2011/08/08/hello-world/


sábado, 10 de setembro de 2011

Importantes Atividades para Educadores, Pais, Avós e

Treinamento dedicado à Abordagem Integral para às Crianças de Hoje

Importantes Atividades para Educadores, Pais, Avós e

Pessoas Interessadas na Educação Evolutiva!

sábado, 27 de agosto de 2011

Aposentada




Em viagem ao Rio de Janeiro, hospedada em albergue, conheci uma professora Argentina que me disse ao pé da sonoridade da palavra: “Soí Professora humilhada” que na verdade é Rumilhada, uma expressão em sua língua para a palavra aposentada na nossa.
Depois de rir da expressão e finalmente entender que, a Argentina não se referia à humilhada e sim aposentada.
Humilhada seria uma expressão cabível ao olhar interno que muitos temos diante dos nossos alunos e da pressão que a profissão recebe.
Aos 50 anos esta professora segundo ela mesma foi retirada do sistema e hoje viaja o mundo a se divertir e conhecer pessoas.
Ela não se sente humilhada, quando expliquei o que significava humilhada para nós.
Disse-me que se sente com o dever cumprido e feliz por poder viajar.
O desgaste o dia a dia não consumiu sua criança interior que ainda vibra com pequenas coisas como natureza, adolescentes e seus conflitos e diversidade cultural.
Humilhada pode ser uma expressão que leva uma reflexão sobre aposentadoria.
Chegaremos lá humilhadas?
Chegaremos lá saudáveis e com nossa criança interna lúcida?
A resposta está dentro de cada um.Humilhada ou aposentada.
O caminho se constrói no presente



Ivone


domingo, 21 de agosto de 2011

Antepassado

Fui uma pessoa que não cultivei nenhuma tradição ou respeito ao passado.

Muitas culturas espirituais costumam honrar seus antepassados.

Honrar onde nasceu de onde surgiram às idéias pensamentos, honrar a filosofia e historias de tudo, honrar a própria existência.

A revolução índigo veio para quebrar paradigmas ajudando a todos avançar para um novo nível de consciência.

Percebo como índigo adulto que sou que isto nada tem haver com desrespeitar o passado, à consciência que ai esta e principalmente todas as tradições religiosas.

Podemos ajudar na transmutação respeitando a origem das coisas, dos pensamentos e filosofias e depois contribuir para o avanço de uma maneira saudável do ponto de vista evolutivo equilibrado.

Há bem pouco tempo compreendi o quanto é significativo esse estado de honradez a tudo, um estado de aceitação e gratidão, não é preciso concordar, mas é precioso respeitar.

O desrespeito nos coloca como donos do mundo e, por conseguinte queremos que tudo seja como nosso desejo, que nada mais é que nosso desejo, muitas vezes lapidado por raivas e revoltas internas.

Toda mudança que desejamos ao mundo deve em primeiro lugar acontecer dentro de nós,

A paz é um estado antes de qualquer coisa de aceitação plena da impermanência, da ilusão de Gaia.

Do ilusório transitório.

A existência esta evoluindo e evoluímos todos juntos.

De uma consciência para um nível superior da mesma consciência, ou seja, tudo que vivemos e construímos até aqui esta aqui para evoluir.

Destruir, derrotar, quebrar, desonrar é usar do que Hitler acreditou ser o melhor para um povo e equivocadamente não uniu ninguém.

Quebrar paradigmas ajudar avançar no processo conscencial é antes de tudo viver sua paz, ser este estado de mudança para então agir dentro da mesma paz encontrada.

A compreensão caminha junto com a sabedoria.

Ivone

domingo, 14 de agosto de 2011

O Bisturi e o Tear


Taunay Daniel

Quando, em 1958, eu comecei a cursar a primeira série do ensino fundamental (que naqueles tempos chama-se ginasial), todos os alunos usavam uniforme. Tratava-se de uma escola pública de São Paulo, reconhecida pela alta qualidade do ensino que prestava aos seus discípulos.

Era um uniforme discreto: jaqueta cinza-azulado, camisa branca e calças grafite (saia para as meninas). Havia um detalhe muito importante na jaqueta, um emblema bordado do lado esquerdo superior onde se costuma dizer que é o lugar do coração. O desenho do emblema representava a idéia de átomo que se tinha naquela época. Eram três elipses, representando três órbitas de elétrons, todos girando em torno de um núcleo. No lugar do núcleo, entretanto, estava desenhado um livro aberto.

Era inegavelmente uma idéia interessante, um símbolo muito claro de uma época. Pretendia significar, explícita ou implicitamente, que a ciência clássica havia obtido o grande e definitivo sucesso de compreender e descrever a estrutura mínima da matéria, os micro-tijolos que compõem o Universo. Além disso, naquele emblema do uniforme, o núcleo do átomo era um livro, vale dizer, o conhecimento racional e sistemático que tudo poderia responder e explicar sobre os enigmas do mundo em que vivemos e sobre nós mesmos.

Era isso o que nos ensinavam na escola: que havia uma forma única e triunfal de conhecer o mundo. Uma forma objetiva que conduzia necessariamente à verdade, sem nenhuma “contaminação” de subjetividades inconvenientes que só fazem macular o saber cristalino que o racionalismo científico produz. Com isso podíamos nos sentir protegidos e confiantes.

E assim eu fui educado, como tantos outros o foram e são até os dias de hoje. Aprendemos a acreditar que existe uma maneira muito superior às outras de abordar e conhecer a realidade. Aprendemos a adotar uma determinada mentalidade, uma espécie de lupa especial supondo que, através dela e somente assim, podemos ver as coisas como realmente são.

Essa mentalidade, que podemos chamar de cientificismo, desde há muito se infiltrou em toda a sociedade, quer percebamos ou não. Ela tem uma origem histórica. Nasceu na Grécia antiga e foi se aprimorando e consolidando ao longo do tempo passando por diversas etapas até chegar ao seu grande apogeu em meados do século XIX até o início do século XX.

Foi tal o sucesso da ciência em fazer predições e estimular novas tecnologias, que a palavra “científico” passou a ser sinônimo de verdadeiro. Não é raro, mesmo atualmente, ouvir alguém dizer para por fim a uma discussão: “o que eu estou dizendo é científico”! O outro interlocutor da conversa fica paralisado quando é invocado algo tão poderoso como a Ciência.

Não é à toa que fazemos apelo à Ciência para justificar todo o tipo de ações na educação, na política, na economia, na saúde, na justiça, na publicidade, na indústria, no comércio, etc. A Ciência tornou-se a grande avalista dos procedimentos em inúmeras áreas da atividade social, desde os mais honestos e bem intencionados até os mais perniciosos.

É claro que uma criança (como eu era em 1958) não tinha nenhuma consciência do significado daquele emblema na jaqueta do uniforme escolar. Aquela mentalidade impregnou-se em mim sem que eu percebesse e custou-me muito esforço para livrar-me dela. Foram precisos muitos anos para desvestir aquele uniforme simbólico.

O mais curioso é que naquela época a ciência clássica já havia sofrido duros golpes que a removeriam do trono da soberania hegemônica do saber. A Física, a mais ortodoxa entre todas as disciplinas científicas, dava claros sinais, já no início do século XX, de que o método científico clássico não poderia a tudo responder.

Mais curioso ainda, é que mesmo hoje em pleno século XXI, com a rainha tendo sido deposta há muito tempo, tudo continua a ser como se ela ainda estivesse governando, como se os habitantes do reino não tivessem sido informados que o trono está vago. Ainda não sabemos que um novo império está sendo constituído e seguimos procedendo segundo o antigo regime.

O “Império da Razão” está cedendo lugar para o “Império da Consciência”. Entretanto, a sociedade ainda levará algum tempo para reconhecê-lo, aceitá-lo e para reger-se pelas novas leis. Haverá muita resistência, muito enrijecimento, até que a flexibilidade se imponha.

Antes, éramos governados por uma mentalidade de bisturi que dissecava tudo, decompunha o mundo em pequenas partes, via o Universo como um amontoado de coisas separadas e desconexas umas com as outras, inclusive nós mesmos, como se nossa pele fosse uma fronteira bem nítida entre nós e o resto do mundo. Um mundo numérico, discreto, com demarcação precisa de limites. O mundo da verdade. Uma mentalidade que supunha que tudo poderia ser dito e descrito.

Na nova era que se impõe, seremos governados por uma mentalidade de tear, que entrelaça tudo com tudo, que entrevê a Unidade em tudo, que percebe o mundo como um organismo sistêmico, que percebe que há algo de transpessoal em cada um de nós que nos une a todos numa consciência única da Vida. Um mundo analógico, contínuo, sem demarcação de limites. O mundo da transcendência. Uma mentalidade que reconhece que o essencial é inefável.

Em 1958 tudo isso era ainda muito recente para que pudéssemos nos dar conta. Só quem estava na linha de ponta da pesquisa científica estava ciente das grandes transformações pelas quais o conhecimento iria passar. Meu uniforme e eu acolhíamos sem resistência o emblema simbólico.

Tudo leva a crer que o emblema a ser bordado na jaqueta do novo uniforme das escolas do século XXI deverá ser uma Mandala.