sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A expressão da alma

Certa vez fui à casa de uma amiga (Silvinha), onde ela carinhosamente mostrou-me seus muitos quadros na parede.
Cada quadro mostrava sua alma.
Essa alma estava expressa nas paredes de sua casa.
Naquela época, eu não me atrevia a escrever, aquela expressão, embora às vezes fugisse da minha compreensão, era como entrar em alguém e saber como sua alma estava no momento da pintura.
Hoje, olhando meus textos vejo que também tenho espalhado por ai expressões de minha alma.
Todas essas expressões são ricas sejam elas, pintura, escrita, artesanato, dança, todas as composições artísticas de alguma forma.
Permitir a expressão plena de sua alma requer um movimento simples de aceitação daquilo que vem de dentro, é suave, não é brusco, nem forçado. Ajuda muito a nos entender por completo, pois extravasa a alma liberta-nos da densidade imposta pela sociedade.
Não sinto de forma alguma que a escola seja ela particular ou não, esteja realmente preocupada com expressões reais e livres das almas.
As escolas por sua vez, fazem um movimento inverso. O de impor dons e não apenas apresentar movimentos artísticos, permitindo assim que aquela criança a partir de sua alma livre possa encontrar sua própria expressão.
Como podemos criar cidadãos críticos se não lhes permitimos a própria expressão livre de quem realmente são em essência?
Ensinar um dom a meu ver é impossível, permitir que um dom natural aflore é o único caminho, o caminho do mestre.

Um abraço saudoso e carinhoso a Silvinha.

Huliel.





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Algoz e a vítima

 
 Hoje, repensando em todas as regras para a nova composição do quadro de professores e as mudanças que essas regras dão na vida de todos aqueles que estão na educação como Ocupação Função Atividade (OFAS).

Vejo que não há um algoz. O professor se faz de vítima diante do governo que, neste caso, se faz algoz. Eu digo! Só existe o algoz porque existe vitima. Nós somos permissivos a um sistema de massacre visceral, pois assim nós lidamos com os alunos.

E assim esse mesmo comportamento retorna a nós. Somos vitimas de nós mesmo. Somos nós os algozes de nós mesmos. Não existem externos a nós. Enquanto lidarmos com as coisas da educação como um trabalho em cumprir regras que nada tem a ver com o ser humano, com a dimensão da humanidade existencial.

Estamos no mesmo mecanismo de escravidão disfarçada. Nossos diplomas de nada valem, pois não estamos lá na frente dele. Não somos agentes em nossas vidas. Somos permissivos e isso nos torna vitimas, e nos tornamos algozes diante dos alunos achando que isso é o certo. E esses ciclos viciosos continuam. Trava a humanidade e sua evolução.

Huliel

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ser Professora

Ser professora, ser educadora, ser tia, ser facilitadora, ser mediadora.
Não importa de que maneira nos chamam.
A grande questão é:
Somos nós que estamos lá com eles todos os dias, 200 dias ao ano.
Somos nós escolas que os recebemos todos os dias, 6 horas por dia.
Somos nós escolas que recebemos todos os planos de governos diretos na nossa cabeça, que nem sempre são plausíveis a nossa realidade.
Somos nós que perdemos o sentido e função perante as novas crianças.
Não acho a função um sacerdócio, pois sacerdócio no meu modo de ver é viver em resiguinação, enclausurado, longe da sociedade...
Nós professores somos partes integrantes da vida destas crianças que nos chegam muitas vezes, já com uma bagagem sócio/cultural/familiar em falência.
E nós estamos lá todos os dias, com eles sentados bem ali na nossa frente.
Podemos fazer de conta que tudo é culpa da família ou do governo. Ou podemos simplesmente aceitar.E aceitando o outro da forma que chega e como chega podemos abrir um espaço em nós para a relação harmônica.
Eu escolhi buscar o baú de tesouro no final do arco-íris, ao chegar lá encontrei a mim mesma, meu ofício e todas as possibilidades e riquezas que este me dá a cada dia .
Eu sou uma professora feliz
Ivone Gonçalves