sábado, 21 de agosto de 2010

Sala Especial




Minhas histórias pela educação.

Quando trabalhava como professora coordenadora pedagógica (PCP) em SP, havia nesta escola uma sala de alunos especiais, ou seja, alunos que têm laudos médicos por apresentarem alguma falha em seu sistema “operacional” com uma variadas de síndromes. 

Esta sala chamada sala Especial ou de deficientes tinha uns 15 alunos no máximo, conforme o que regia a lei.

Estes alunos eram de idade variada entre 6 a 18 anos com seu nível interno apresentando uma diferença ao cronológico. 

Minha sala era próxima permitindo assim ouvir a aula.

Numa tarde mais silenciosa pude prestar atenção mesmo estando do lado de fora. 

A professora repetia a letra E, mostrava na lousa, fazia-os repetir, dava comandos para pintarem o desenho que tinha-lhes dado. Depois de certo tempo pude observá-la dando maiores informações individuais.

Dia seguinte: novamente estava com a escola em silêncio e mais uma vez pude escutar a professora dando aula, e mais uma vez a letra E, e mais uma vez a repetição, os comandos, a lousa, e o acompanhamento. 

Não aguentei. Entrei para conferir.

Chegando na sala deparei com uma cena engraçada que conto no final deste texto.

Questionei a professora do porque repetir tudo, sendo que era apenas uma única letra e tinha alunos mais velhos cronologicamente e também não era uma sala de série inicial. 

Foi quando me explicou que muitos não gravam nada, hoje eles aprendem algo amanhã não se lembram. 

Perguntei: E como faz?

Ela disse: Repito muitas vezes e vou avançando conforme a mente pode “segurar” a informação.

Para alguns escrever o próprio nome "sozinhos"já é um êxito. 

Nossa! Exclamei.

Eu : jamais teria essa paciência, minha ansiedade e intensidade não permitiriam.

Ao me lembrar desta história, pensei no Mestre Jesus.

Devemos ser especiais para ele. Pois, esta tentando nos ensinar a séculos com todo tipo de repetição, desenho, religião, e se conseguirmos lembrar o simples “quem somos” já é um êxito.

Cena que me fez rir muito neste dia.

A professora deu um desenho do elefante ( Dumbo) para através do desenho identificar letra E.Todos pintavam o Dumbo ao mesmo tempo em que repetia a letra E., na linha pontilhada. 

Um lindo garoto se levanta e diz: Terminei professora!Vamos até ele para ver seu desenho que por sinal muito caprichado. 

Muitos elogios a seu capricho e  carinho para todo lado.

O menino diz: Adorei pintar este Burro.

Eu: Burro! Isto é um elefante o Dumbo.

Ele diz: Não! É um Burro.

Para ele aquele desenho era um Burro, simples Burro.

Olhei para professora com sua natural paciência, ri muito, apenas achei engraçado tudo.

Creio que no dia seguinte iria repetir novamente .

Assim é

Cada um vê o que quer ver.

 Extraído do livro da série Dimensão da Comunicação vol 3

Ivone

 

2 comentários:

  1. Parabéns pela publicação do seu livro. Prometo que vou ler, informo que acabei de adicionar-me como seu seguidor e colocar seu link em meu blog. Por uma questão de reciprocidade está convida a fazer a mesma divulgação, no caso do meu blog merecer a sua atenção.
    Com amizade
    Jorge G. Gonçalves

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  2. ahauahauahau adorei!
    é verdade, a paciência é uma virtude decorrente do amor, da compreensão, aceitação, e ausência de julgamentos segundo valores e/ou informações próprias...
    puro carinho, e acolhimento ^^

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